“Além disso, a não ser que os membros da classe média tenham educação e habilidade para adicionar valor aos seus serviços para serem mais produtivos, eles vão em breve ser forçados a aceitar a baixa remuneração do proletariado”, diz Molano. Esse cenário cria enorme frustração para bilhões de jovens. Relutando em aceitar essa situação, “eles tomam as ruas – virando carros, jogando coquetéis Molotov e saqueando indiscriminadamente.”
Magnus cita o alemão no relatório “As convulsões da economia política”: “A um certo estágio de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em conflito com as relações existentes de produção ou (...) com as relações de propriedade dentro do arcabouço no qual eles haviam operado até aquele momento.”
Segundo Magnus, não é necessário ser “membro da Internacional Socialista" para reconhecer a relevância das palavras do alemão. “Para Marx, o conflito pós-feudal levaria a uma revolução social e derrubaria a sociedade burguesa, mas nós sabemos que isso não ocorre, porque o modelo ocidental de desenvolvimento econômico reviu e democratizou o conceito de propriedade (dos meios de produção”., escreve Magnus. Apesar disso, diz ele, o “velho era um analista bastante sagaz”, que aprendeu muito de economia política de economistas como Adam Smith e David Ricardo, entre outros, “oferecendo alguns insights ainda relevantes sobre como e por que as coisas ocorrem na economia e na sociedade”.
A citação acima, diz o economista do UBS, “captura a ideia importante de conflito ou turbulência quando ocorrem eventos que levam a desafios ao poder, autoridade e legitimidade da ordem política e econômica existente”. Para ele, nos últimos meses, ocorreu "uma sucessão desses desafios na zona do euro, nos EUA e até mesmo, de modo embrionário, na China”.
Stern, por fim, escreveu que “Marx estava certo sobre a mudança”, ressaltando o fato de alemão ter dito que, embora interpretar o mundo seja algo importante, o ponto mais relevante é mudá-lo. “Se os capitalistas querem manter o seu mundo seguro para o capitalismo, eles precisam enfrentar o que está errado com ele e mudá-lo rapidamente.”
Já Roubini, por muitos chamados de apóstolo do apocalipse por suas opiniões pessimistas, em entrevista ao Wall Street Journal sobre a economia americana afirma:
WSJ: O sr. pinta um quadro sombrio. O que os governos e as empresas podem fazer para que a economia volte a crescer ?Assim somos nós: nos apoiamos em teorias que nos agradam ou convém e desprezamos outras que nos ameaçam ou deixam desconfortáveis para explicar, sempre posteriormente, o que acontece a nossa volta.
Precisaríamos ter passado por crises tão intensas com prejuízo a tantos países se o velho alemão estava lá o tempo todo explicando claramente onde iríamos chegar?
Se o mais importante é mudar o mundo e não interpretá-lo o que estamos fazendo para isso?
E as gerações que estão começando agora que nem mais são obrigados a ler os dois imensos volumes de "O Capital "? São estes que estarão governando os países e gerenciando as empresas no futuro.
E eu não sou nem um pouco pessimista, ao contrário.
Jane Corona
Artigos:
http://www.valor.com.br/valor-investe/casa-das-caldeiras/989632/volta-de-marx
http://online.wsj.com/article/SB10001424053111903392904576512620274724948.html?mod=WSJP_inicio_RightTopCarousel_1&linkSource=valor
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