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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O movimento de pânico.

Já era mais do que esperado um rebaixamento da dívida americana.
Há dois meses atrás comentava-se que uma das grandes agências de rating, a Fitch, poderia classificar os títulos americanos como "junk" ou títulos podres no jargão do mercado.
Então porque os mercados reagem com esse movimento tão brusco?
Os mercados se movimentam como o humor das pessoas então oscilam entre a cobiça e o pânico.
Mudou alguma coisa efetivamente nas economias?
Na verdade não, apenas confirmou-se que a gestão irresponsável do endividamento americano que sempre usou a máquina de imprimir dinheiro para comprar seus títulos e ativar sua economia associada a emissão de títulos para cobrir seu deficit uma hora teria que ser responsabilizada e sofrer as consequências de sua atitude perdulária.
O mundo financeiro se comporta de forma violenta e muito rápida e desta vez se movimentou apenas após a efetiva confirmação do que era mais que sabido: os títulos americanos não são mais o parâmetro de tranquilidade e liquidez.
Não existem substitutos a estes, ainda, mas os livros de finanças terão que ser revistos.
O que isso muda? Muda a forma com que se avaliam as instituições financeiras de todo o mundo. Cresce a desconfiança, principalmente nos mercados europeus de que as posições de títulos terão que ser vendidas, que os bancos necessitem de capital ou que haja uma corrida dos correntistas para retirar os recursos e manter em papel moeda. As taxas de juros já são extremamente baixas o que torna indiferente aplicar ou não, algumas vezes é melhor manter em caixa ( no colchão).
Porque a bolsa brasileira caiu tanto? Ainda somos extremamente dependentes de recursos do exterior e esse capital buca abrigo em épocas de turbulência. O movimento reflete nas principais empresas principalmente nas que são voltadas à exportação.
Somado a isso, preocupa-se com uma possível recessão mundial e queda na demanda por mercadorias em geral: minérios, petróleo, aço, alimentos, etc.
Esse não é um bom momento para tomar decisões de resgatar os investimentos, sabe-se disso, mas os mercados são irracionais e o movimento de manada sempre acaba ocorrendo mais cedo ou mais tarde.
Como isso vai afetar o Brasil? Aos poucos vamos ter uma retração nas linhas de crédito e apetite dos bancos para financiamento de nossas exportações o que vai encarecer e dificultar a vida dos exportadores e das empresas que buscam recursos para financiamento de suas importações de máquinas ou matérias primas.
A desvalorização do real perante o dolar não vai dar um refresco aos exportadores pela falta de linhas de exportação e pela redução na demanda causada pelo receio de uma nova recessão como em 2008.
A economia européia está extremamente enfraquecida, com altos níveis de desemprego e problemas de disparidades em alguns países que entraram mais recentemente no Euro como a Grécia ou outros mais antigos como a Espanha, Portugal e a Itália.
O temor dos mercados é que novos problemas de deficits possa aparecer nestes países e que estes não possam honrar suas dívidas.
A agencia de classificação de risco já poderia ter rebaixado os EUA há dois meses, mas esperou de fato a aprovação do pacote americano de aumento do teto de endividamento do governo para fazer isso apenas depois.
O disputa política americana mostrou que o presidente está muito enfraquecido e sem poder e esse rebaixamento da nota americana deveria ser diretamente aplicado aos políticos daquele país que preferiram manter suas posições ideológicas em detrimento dos eleitores e contribuintes que agora vão passar por mais um período prolongado de dificuldades.
Quem se importa? Os salários deles vão permanecer inalterados.
Esses sim deveriam ser rebaixados.




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