
Contra inflação de serviços, brasileiro tem de explorar os benefícios da concorrência - Economia - Notícia - VEJA.com
O forte aumento dos preços dos serviços neste ano exigirá dos brasileiros novas estratégias para lidar com o orçamento familiar. Economistas acreditam que a alta deste grupo deve fechar 2011 dois pontos porcentuais acima da inflação oficial. Para escapar dessa alta, especialistas afirmam que a melhor saída é “explorar os benefícios da concorrência”, isto é, pesquisar preços, compartilhar informações e opiniões sobre o custo-benefício dos prestadores de serviços, e não ter medo de experimentar. Outra forma de se proteger da inflação é investir. Ante a trajetória de elevação dos juros no país, o momento atual é mais propício à poupança do que ao consumo.
Em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, subiu 0,83%. Os preços dos serviços ficaram acima desse patamar, em 0,87%; contribuindo com 0,21 ponto porcentual da inflação no mês. Os principais itens a pressionar a alta deste grupo foram transportes, com variação de 1,55% ante 0,29% em dezembro; habitação, de 0,61% ante 0,49%; e educação, de 0,3% ante 0,05%. Os três grupos equivalem a despesas típicas de qualquer família, e são difíceis de ser cortados. Diante disso, a saída é cortar despesas em outros tipos de serviços.
“Com exceção dos serviços públicos, como transportes e energia elétrica, é sempre possível ‘experimentar’ outros prestadores, que, no final, podem oferecer melhor custo-benefício que o de costume”, aconselhou André Chagas, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). De fato, em janeiro, as maiores elevações ‘individuais’ de preço foram TV a cabo (2,63%), acesso à internet (2,51%) e ‘revelação e cópia’ (2,05%), ou seja, exemplos de serviços, cujos preços oscilam de acordo com o fornecedor.
Para serviços, além da pesquisa de preços, o método de pesquisa mais recomendado pelos analistas é aquele em que a opinião de amigos e conhecidos é levada em consideração. “A aquisição de um serviço é baseada na confiança. Por isso, conversar com outras pessoas que já tenham vivenciado a situação é fundamental para que boas decisões sejam tomadas. As redes sociais e buscadores de internet são a principal ferramenta do consumidor”, enfatizou Renato Meirelles, especialista em classe média da consultoria do Data Popular.
Política econômica – A cautela com a evolução dos preços destes itens justifica-se por uma de suas principais características: a inércia. Tal conceito significa a transmissão de alta dos preços até a ponta do consumidor - situação que acontece principalmente em períodos de inflação em alta. Por exemplo: quando o preço do transporte dos funcionários sobe, a tarifa de energia é reajustada, os produtos para o salão de beleza ficam mais caros, a cabeleireira automaticamente sobe seus preços. Como agravante a este quadro vem a impossibilidade de substituição por serviços importados, como é natural em boa parte dos produtos, o que poderia contribuir para a redução dos preços.
No caso brasileiro, diversos fatores contribuem para que isso aconteça: a prática histórica de incorporar a inflação passada nos dissídios de diversas categorias profissionais; o impacto do salário mínimo como indexador do piso dos rendimentos; o fato de segmentos com grande parcela de trabalhadores formalizados demorar a demitir mesmo em caso de crise econômica (por conta do alto custo em fazer isso), etc.
O combate à inflação de serviços deverá estar, portanto, no centro do debate da política monetária nos próximo meses. Diante deste quadro, mas não apenas em função dele, o BC continuará a promover seguidas elevações da Selic - a taxa básica de juros da economia - ao longo do ano, de modo a esfriar a atividade econômica. O remédio amargo abre, contudo, uma oportunidade aos brasileiros. “O momento torna-se cada vez mais interessante à poupança”, afirma Chagas.
De acordo com o economista, uma alternativa interessante é justamente investir em títulos que acompanhem a alta da taxa básica de juros da economia – projetada em 12,5% ao ano pelo mercado para 2011. Também há investimentos que remuneram de acordo com a alta da inflação. Ambas as opções poderiam, em tese, ajudar a proteger os rendimentos da corrosão inflacionária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário